domingo, 30 de setembro de 2012

A tarde é rosa,
a rosa dança no jardim inexistente
enquanto,
insistentemente,
adeja sobre o sonho de estar nela,
a borboleta azul...
Azul se torna a tarde
e
tarde se faz para a rosa concretamente surgir...
E surge,
vindo do arco-íris,
o pássaro amanhã,
levando no bico a borboleta azul...
Luiz Dutra - setembro/2012
Teu olhar me fita,
me aparto
e
me parto em dois:
um que voa para longe
e
outro que escorre
no canto esquerdo do teu olhar...
...e tu,
simplesmente,
continuas a me fitar...
Luiz Dutra - setembro/2012
A flor, 
          a cor nascendo
a vida
o cheiro
o ar cinza
e
o passarinho preso,
guardado em eus...
Minha procura atravessar meu ver
procurando pousar dentro d'alma tua
querendo ser horizonte,
ponte
estrela
terra   
e
lua
da eterna vida tua...
Luiz Dutra - setembro/2012
Rua fria,
estrela longe,
estrada perto,
tua cara,
dentro da lua
e a lua,
brincando,
se esconde
e foge...
...enquanto procuro,
nas poças que piso,
as sobras da sombria lembrança guardada
dentro da mente-cofre...
cujas as chaves levastes presa nas últimas frases,
pronunciadas sem som,
dentro do teu último olhar...
Luiz Dutra - setembro/2012
O sonho
              a noite
a ave que voa sozinha
varando as brejas da vida
e a vida ali,
escondida,
calada,
apenas querendo renascer todos os dias...
Luiz Dutra - setembro/2012
Borboleta,
roseiras
perfumes verdes
solidões amarelas
                          olhos azuis...
Braços abertos,
partos
filhos
sonhos
e
flores
tudo guardado na realidade que voa
dentro dos pensamentos da borboleta que já passeia por outros jardins...
Luiz Dutra - setembro/2012
O mundo,
o mudo grito
o silêncio torto
a vidraça fosca
o não...
não deixando ver...
Meus olhos fechados,
os dias parados
os ponteiros girando...
O tudo seguindo preso no pulso do homem que ouve,
no silêncio escondido,
o grito
do grito que se perdeu...
Luiz Paulo - setembro/2012
Teus olhos,
                 a ponte
                 o sol
                 o hoje
e o pássaro que voa...
Teu medo,
a noite escura
o abismo de existir
o ciclo
os símbolos escritos,
porém não descritos-vida
e a fruta dentro da flor esperando...
Teus olhos soltos,
o espaço azul
o pássaro que canta
as horas ficando tortas
e
presas em muitos relógios...
A flor caindo,
suas pétalas dançando a valsa do adeus
caindo sob o chão
virando adubo...
Tudo é saudação ao fruto que se insinua,
solitário,
abraçado a imensa solidão do pós-flor...
Luiz Paulo - setembro/2012

Sob o céu,
me faço estar
                    e
desapareço,
                   sendo...
Divago,
danço parado
                     ando adormecido
                                                e estanco acordado...
Estou,
quando não sei se sou o que estou
ou se estou realmente o que sou...
                                                     Não sei!
                                                     Não calo!
                                                     Apenas penso que falo...
E falo que sempre me reencontro no fundo,
dos profundos olhos que silenciosamente me fitam
e me traduzem singular
dentro do profundo plural-agora...
Luiz Dutra - setembro/2012

sábado, 29 de setembro de 2012

Visual poema: De mar, solidão e infinitos azuis
















Luiz Dutra- setembro/2012

A rua,
linda,
azul seguindo à minha frente;
meus pés fincados nos ponteiros de um relógio 
ilógico,
abstratamente abstrato dentro deste concreto agora...
agora os pensamentos fluem 
seguem pela rua sem o dono
e redondo de medo
agrego-me a estrada
e faço de meu corpo parte do corpo da estrada...
as borboletas nascem,
seus casulos me enclausuram
e voo parado pela murcha flor do meu passado...
Luiz Dutra - setembro/2012
Minh'alma abstrata
                            lentamente azul,
                            pensantemente verde
renasce constante
e
sempre
e
eternamente se redesenha,
se pinta
se borda
se faz
se refaz
sob o papel Ser
e Sendo já inacabadamente pronta em gotas
se deixa levar pelo pincel,
se pintando
e se deixando borrar no mix de cores dos dias pincel
e se deixa teimar em ir desenhando nos olhos alheios
o alheio que é,
até de si...
E gosta
e ri 
e sempre deseja estar no caminho,
caminho-existir de sempre seguir...
Luiz Dutra - setembro/2012