Acordei,
desacordado,
num tempo de incapacidades,
num tempo de releituras
dentro de um livro de páginas borradas,
onde o que se pode,
ou,
se quer ler,
não diz absolutamente nada.
Acordei,
vesti-me com as roupas de sempre,
e,
como sempre,
vaguei pela trilha do silêncio que vai
e
volta dentro de mim...
As cruzes penduradas nos sonhos,
as flores murchas,
jogadas pelo vento do esquecer
insistiam em permanecer sobre os montes
e estes,
vazios,
apenas deixavam exposto as placas,
placas que marcaram meus inícios,
meus fins,
recomeços
e
tentativas...
absolutamente nu,
sentei sobre o último monte avistado
e sem poder achar qualquer palavra que ainda tivesse restado,
deixei que o rio que de mim escorria
molhasse o monte-último,
pensando nada
e nada esperando....
E outra vez acordei em total desacordo com o que já não mais conheço
nem sei se um dia existiu de verdade
na vida real....
Luiz Dutra - março/2012
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