Ela colocou as mãos em volta da boca querendo dobrar o som e gritou novamente. O som ecoou pela rua quase deserta; alguns passantes olhavam assustados para aquela mulher que suava, ofegava e gritava como louca enquanto o homem agora, já assustado, corria pela rua.
Ela insistiu no grito, correndo atras dele pelas ruas. E foram tantas as corridas que a o chegar no ponto de ônibus, aonde o homem havia se refugiado daquela que considerava louca ou sei lá o quê, sentiu forte dor no peito, o ar lhe faltou e sem conseguir dizer mais nada, caiu estatelada no asfalto, abrindo as mãos e deixando cair uma carteira marrom que carregara até ali...
Dois homens abaixaram-se, tocaram seu pulso, se entreolharam, enquanto um terceiro tentava em vão ouvir as batidas de seu coração.
Morreu! Gritou o terceiro homem, levantando-se.
O homem que até então era perseguido pela mulher agora infartada e morta, estirada no chão , foi achegando-se do corpo. De início apenas olhou desconfiado. Não! Não a conhecia. Seus olhos escaninharam aquela mulher, até pousarem sobre a carteira. Ligeira e automaticamente suas mãos foram procurar a sua nos bolsos traseiros da calça , mas não a encontraram...
Olhou novameente a carteira ao lado do corpo, olhou o rosto da mulher, voltou-se novamente para a carteira e timidamente abaixou-se. Passou suas mãos pelo rosto da mulher, querendo encontrar um jeito de aproximar-se da tal carteira. Permaneceu temeroso em pegar até que ouvindo o som da sirene da ambulância que se aproximava, a agarrou e, abrindo-a, viu sua foto na carteira de identidade. Sim! Era sua a carteira. Lembrou-se que provavelmente deveria ter caido na igreja onde havia assistido a missa e só então lembrou-se de ter visto aquela mulher sentada no banco atras do seu na igreja. Olhando os homens vindos na ambulância que faziam o que podiam para ressuscitá-la sem sucesso entristeceu-se... Os homens nada podendo fazer para trazê-la de volta à vida, confirmaram a morte e se foram deixando o corpo estirado no asfalto esperando o rabecão do IML que já estava à caminho.
O homem, com a sua carteira, que havia pego do lado do corpo da mulher morta que certamente o perseguiu na intenção de devolvê-la, foi saindo de fininho e já estava a alguns passos do local quando alguém do ponto gritou:
-Pega ladrão!! Ele roubou a carteira da morta...
Luiz Dutra - outubro/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário