sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A tarde sem sol,
o sol sem estrelas
as eiras sem beiras
e eu,
preso na fantasia de um Carnaval passado,
passo à limpo e a ferro as horas,
os passos
espaços infindos
do fundo estancado nas lembranças cascatas...
Desagua ideias,
renovas,
revelhas
ovelhas desgarradas da mente minha
e minhas manhãs nascem assim,
sem sol...
Guardo-me dentro da lua,
espero passar o trem
e tenho a embaçada certeza de ser quem desconheço
e estar distante do que já fui;
embora as horas passem,
ainda que a rua se estenda por outras estrelas além da minha própria galáxia
desde a manhã sem sol que insisto
nem nisto
tão pouco naquilo
apenas insisto no esticar os braços e repor o sol,
o sol naquilo que me será
o céu azul;
ou mais da metade-universo do que me faço
e sou neste agora sem sol
mas com estrelas,
ainda que vagas,
desertas de gentes,
no extremo oriente onde me oriento-deserto
para não deserdar daquilo que ainda vira,
embora sei que por mim,
desconheço (ou assim me faço desconhecer...)
Luiz Dutra - novembro/2011 

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