Ouvidos atentos,
olhos tristinhos,
grudados no corpo,
o corpo encostado a parede,
a parede parada,
o conjunto então observa.
Atentamente observa...
Aos ouvidos nenhum som alegre chega,
os olhos que avista são tristes,
ainda mais tristes que os seus...
O conjunto de partes,
se unem sem graça ao coração que se espreme,
e espremido no peito
o coração abre seus olhos,
as imagens caminham à mente,
a mente comanda o corpo...
As mãos seguem na frente,
erguem-se ,
e abrem a porta da triste gaiola...
O passarinho assustado,
não crendo,
desce no poleiro onde morria
e come ainda algumas migalhas,
bebe algumas gotas de água fresca
e olha a porta aberta e as mãos que apontam um céu azul.
O passarinho tonteia,
o coração pequenino bate gigante
enquanto as patas se arriscam,
as asas tremem,
os olhos brilham confundindo-se com os do, então, seu dono...
A porta aberta,
a mão apontando o azul,
o azul chamando,
a vida pulando dentro do que parecia o fim,
a morte...
Ouvidos,
olhos,
corpo e coração,
tudo sorrindo,
e reluzente de tamanha alegria,
voa num celestial azul,
o passarinho,
sem lembrar da idade passada naquelas grades,
desenhando no ar a palavra liberdade...
...e dentro do coração do homem,
a mesma palavra é gravada,
fazendo-o lembrar de abrir também a porta,
a porta da sua própria gaiola...
Luiz Dutra - setembro/2011
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